Cristiano Otoni é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Localiza-se na microrregião de Conselheiro Lafaiete na divisa com Campo das Vertentes, a uma latitude 20º49'56" sul e a uma longitude 43º48'20" oeste, estando a uma altitude média de 1.005 metros.
A cidade é cortada pela Rodovia BR-040, também denominada Rodovia Presidente Juscelino Kubitschek, o que permite a seus habitantes um fácil deslocamento para outros centros como Conselheiro Lafaiete, Barbacena, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, dentre outros. Está próxima das cidades históricas de Minas Gerais, como Congonhas, São João Del Rei, Tiradentes, Ouro Preto e Mariana. Possui boa infraestrutura de turismo rural e hotéis fazenda.
Em suas áreas mais rurais, é cortada por uma variante da Linha do Centro da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, porém a nova linha não dispõe de paradas ou estações em seu território.
No passado, a cidade era atravessada pela Linha do Centro original da Estrada de Ferro Central do Brasil, cuja Estação Ferroviária "Christiano Ottoni" foi inaugurada em 1883, impulsionando o crescimento da localidade. Após a construção de uma variante próxima, os trens continuaram a trafegar pelo centro da cidade até a desativação do trecho da linha original, quando os trilhos deste foram retirados do Município, em 1972. A antiga estação ferroviária é tombada pelo Patrimônio Histórico, além de outras residências antigas e fazendas.
O Distrito foi criado pela Lei Estadual nº 556, de 30 de agosto de 1911 e pertencia a Queluz (atual Conselheiro Lafaiete).
A Lei Estadual nº 2.764, de 30 de dezembro de 1962 estabelece a emancipação do Município, que tem como integrantes os distritos de Cristiano Otoni (sede) e São Caetano.
A emancipação ocorreu em 1º de março de 1963.
O Município é subordinado judicialmente à Comarca de Conselheiro Lafaiete.
Fontes
Arquivo Público do Estado de Minas Gerais
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/mg/cristiano-otoni.html
Caracterização
Localização: CENTRAL
Área: 132,872 Km2
Altitude: Máxima: 1.231 m. Local: Divisa com Município de Caranaíba / Mínima: 937 m. Local: Foz do Córrego Casa Velha / Ponto central da cidade: 990 m.
Temperatura: Média anual: 19,4º C / Média máxima anual: 24,9º C / Média mínima anual: 14,9º C
Índice médio pluviométrico anual: 1.474,9 mm
Relevo: Topografia (%): Plano: 15 / Ondulado: 70 / Montanhoso: 15
Principais rios: Rio Paraopeba / Córrego Aroeira
Bacia: Bacia Rio São Francisco / Rio Doce
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas - IGA (CETEC) / Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
População
ANOS |
URBANA |
RURAL |
TOTAL |
1970 |
1.394 |
1.967 |
3.361 |
1980 |
2.424 |
1.631 |
4.055 |
1991 |
2.826 |
1.388 |
4.214 |
2000 |
3.572 |
1.274 |
4.846 |
2010 |
4.156 |
851 |
5.007 |
2017 (1) |
- |
- |
5.225 |
2021 (1) |
5.161 |
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
(1) - Estimativa
Gentílico
Cristianense
Transportes
a) Rodoviário
Distâncias aproximadas aos principais centros (Km):
Belo Horizonte: 118 / Rio de Janeiro: 320 / São Paulo: 570 / Brasília: 840 / Vitória: 600
Rodovia de acesso a Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro: BR-040 (corta o Município)
b) Ferroviário
Distâncias aproximadas aos principais centros (Km):
Belo Horizonte: 212 / Rio de Janeiro: 429 / São Paulo: 712 / Brasília: 1.377 / Vitória: 855
Fontes: Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais / Ferrovia Centro Atlântica - FCA / Estrada de Ferro Vitória Minas
Municípios limítrofes:
Caranaíba, Carandaí, Casa Grande, Conselheiro Lafaiete, Queluzito, e Santana dos Montes.
Reservas Minerais
Estanho (Cassiterita)
Fonte: Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM
Ensino: Fundamental e Médio.
Fontes: Centro de Produção e Administração de Informações - CPRO/SEE / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP/MEC
Localização no Estado:
Fonte: IGA (Instituto de Geociência Aplicada) em 10/05/1999
Histórico Resumido
Segundo informações colhidas por Scyomara Ribeiro de Almeida, no Arquivo Público do Estado, e junto a familiares e moradores, a região começou a ser povoada aproximadamente há 300 anos, por volta de 1689, quando João José Dutra veio de Portugal, na época da Sesmaria, ganhando 1.000 alqueires de terra, formando a Fazenda "Fecha Fecha", na estrada de Nossa Senhora da Glória (hoje fazenda da Pedra). Sua irmã, de nome ignorado, veio na mesma época e recebeu 1.000 alqueires, na região de Gagé, construindo a Fazenda "Mau Cabelo" (já extinta). Esta moça ficou grávida de um escravo da fazenda; com o auxílio das roupas da época, escondeu a gravidez, e quando a criança nasceu, colocou-a num cesto de um animal de carga, com o nome do recém-nascido: João José Dutra Sobrinho. Quando a mãe estava para morrer, mandou procurá-lo para deixar seus bens. O rapaz foi encontrado, casado, com três filhos, exercendo a profissão de sapateiro na cidade de João Ribeiro (hoje Entre Rios de Minas). Foi trazido para a fazenda da mãe logo depois de sua morte, e na Fazenda "Fecha Fecha" teve mais oito filhos. Desta descende grande parte das famílias de Cristiano Otoni.
A região seguiu sendo desbravada pelos primeiros bandeirantes, dos quais ainda hoje podem se encontrar alguns vestígios nas ruínas próximas ao vilarejo do Distrito de São Caetano, contemporâneo deste desbravamento e também nas construções antigas que margeiam o Caminho Novo da Estrada Real, que corta o Município e também faz parte de sua história.
O povoado cresceu na esteira da linha férrea da Central do Brasil. Recebeu o nome de Cristiano Otoni em homenagem ao engenheiro Christiano Benedicto Ottoni, que dirigiu os serviços de construção da ferrovia. O nome do engenheiro Cristiano Otoni foi colocado na Estação Ferroviária construída no local, e inaugurada em 1883.
A ferrovia foi inaugurada no final do século XIX, graças ao pioneirismo do engenheiro Christiano Benedicto Ottoni, que teve que vencer desafios para levar o meio de transporte, sinônimo de progresso, ao local. Na época, a construção dos trilhos era desacreditada pelo Império, que não considerava possível fazer a locomotiva, que vinha do Rio de Janeiro, transpor a Serra da Mantiqueira e chegar à região, com média de 1.000 metros de altitude. Mas o engenheiro apresentou alternativas construtivas ao Imperador Dom Pedro II, que deu aval para que o sonho fosse adiante. Conforme os moradores mais antigos, uma comitiva enviada pela Corte esteve na região, em 1883, para prestigiar a festa de inauguração da estação ferroviária, que, a partir daí, impulsionaria o desenvolvimento local. A Estação foi batizada com o nome do seu maior herói, hoje considerado o pai das estradas de ferro no Brasil.
O Distrito de Cristiano Otoni, então pertencente a Conselheiro Lafaiete, foi criado pela Lei Estadual nº 556, de 30 de agosto de 1911. Em 30 de dezembro de 1962, foi publicada a emancipação do município, formado pelos distritos Cristiano Otoni (Sede) e São Caetano, pela Lei Estadual nº 2.764, a qual foi efetivada em 1º de março de 1963, assumindo a administração o Sr. Foad Abrahão Caram, como Intendente Municipal, até a posse dos eleitos para a Primeira Legislatura, que ocorreu no dia 1º de setembro de 1963.
A primeira eleição no Município de Cristiano Otoni teve o seguinte resultado, conforme dados obtidos por Gerson Luiz de Souza Lima em documento encontrado na residência de seu pai, o Senhor Antônio de Assis Lima: O primeiro Prefeito foi o Senhor Joaquim Ribeiro Filho, eleito com 600 votos, ficando em segundo lugar o Senhor João Damasceno Baeta, com 389 votos, e em terceiro o Senhor Amicis Adelino da Fonseca, com 132 votos. Para Vice-Prefeito, foi eleito o Senhor Manoel de Oliveira Dutra (Sr. Lilico) com 636 votos, seguido pelo Senhor José Henriques Baeta, com 302 votos e o Senhor Manoel Messias de Souza Lima com 94 votos. À época, as votações para Prefeito e Vice-Prefeito eram realizadas separadamente, por isto foi apurado o resultado informado. Os primeiros Vereadores foram: Antônio Carvalho; Geraldo de Paula Vieira; Hermillo Rodrigues da Fonseca; José de Souza Alves; José Vieira da Rocha; José Zille; Mauro Dutra Segundo; Nesto Soares de Rezende; e Sebastião de Oliveira Dutra. Durante o primeiro mandato também exerceram a função de Vereador os Suplentes: Élio de Souza Borges; José da Cruz; Manoel Vieira Júnior; e Sebastião Henriques de Castro.
Daí em diante, o Município seguiu sua história, elegendo seus representantes de acordo com a legislação do país, até os dias de hoje.
Fotos de Christiano Benedicto Ottoni; Engenheiro e Diretor da Estrada de Ferro D. Pedro II, de 1855 a 1865, a qual passou a denominar-se Estrada de Ferro Central do Brasil - EFCB, após a Proclamação da República. Foi homenageado, ainda em vida, em 1883, com o nome da Estação Ferroviária que deu origem ao povoado, e depois do Município. Foi ele quem aceitou o desafio de fazer a ferrovia subir a Serra da Mantiqueira e chegar até o interior de Minas Gerais.
Brasão e Bandeira
(Lei nº 98, de 10 de junho de 1983)
O Brasão
As estrelas representam a grandiosidade de nossa cidade.
A chave e a maleta representam o turismo e a hospitalidade de nosso povo.
O animal bovino representa a pecuária.
O martelo significa o extrativismo mineral, que já existiu no Município.
O filete branco representa a nascente do Rio Paraopeba, que é importantíssimo dentro do contexto regional, e tem sua foz no Rio São Francisco.
O milho representa a agricultura.
As Cores da Bandeira
O azul é a cor do céu, do espírito e do pensamento. Simboliza a lealdade, a fidelidade, a personalidade e subtileza. Simboliza também o ideal e o sonho.
O branco associa-se à ideia de paz, de calma, de pureza. Também está associado ao frio e à limpeza. Significa inocência e pureza.
O vermelho simboliza o poder, é a cor que se associa com a vitalidade e a ambição. Contribui também para a confiança em si mesmo, a coragem e uma atitude otimista ante a vida.
Hino do Município
(Lei nº 839, de 28 de Junho de 2017)
ORGULHO DE SER CRISTIANENSE
(Letra: Padre José Antônio de Oliveira / Música: Maestro Antônio Carlos Costa Vieira)
Entre montanhas e campos das Vertentes,
Onde a Estrada Real o tempo esconde,
Emoldurada por matas e nascentes,
Surge a beleza de Cristiano Otoni.
Em nosso peito guardamos a memória,
Mas nossos olhos apontam para a frente;
Gravando alegres nas páginas da história
O nosso orgulho de ser Cristianenses.
Em São Caetano, onde tudo se inicia,
No Engenho Velho - saudades e sabores,
Ou na Capela da Santa que nos Guia:
Histórias mil no Museu Amália Flores.
Um homem sábio, ousado e corajoso,
“Pai das estradas de ferro do Brasil”,
Inaugurou nestas terras tempo novo,
E em nossa história seu nome imprimiu.
Na Estação, dos encontros e partidas,
Onde esperanças brincavam de esconder,
A Caixa d’água, tão rara, nos convida
A saciar nossa sede de viver.
Tua riqueza maior é o teu povo;
Com sua fé, a cultura e sua arte,
Que salvaguarda o antigo e faz o novo
E que te faz ser querida em toda parte.
Contextualização da Letra do Hino de Cristiano Otoni
(Texto do autor da letra do Hino Oficial do Município, Padre José Antônio de Oliveira)
O Município de Cristiano Otoni é um divisor de águas. Isso explica bem o nome da sua região: Campo das Vertentes. Aqui nasce o rio Paraobepa, que alimenta a Bacia do São Francisco, rio que deságua no Nordeste. As águas que nascem do outro lado da estrada de Santana dos Montes vão para o rio Piranga, da Bacia do Rio Doce, que deságua no Sudeste, no Espírito Santo. E as nascentes que ficam a Oeste, nas divisas com Carandaí e Casa Grande, vão para o rio das Mortes, que engrossa a Bacia do rio Grande, que deságua no Sul. Suas várias nascentes e suas matas ainda preservadas formam uma bela moldura para nossa bela Cristiano Otoni.
Por aqui passa também a famosa Estrada Real, que foi de capital importância para a integração nacional e se apresenta como uma preciosa atração turística. Alguns trechos estão em pleno funcionamento. Outros foram engolidos pelo progresso ou escondidos pelo tempo.
Nossa história começou quando os desbravadores desses sertões aqui se instalaram e fundaram três arraiais de grande importância histórica: São Caetano (em nosso Município), Santo Amaro (hoje Queluzito) e São Gonçalo.
O Engenho Velho também é histórico. No Livro de Tombo de Queluzito há referências de longa data sobre celebrações e festas naquele local. Ficaram ali as lembranças e os sabores da rapadura, do melado, do bom tempero da comida mineira, até hoje. Juntamente com a Fazenda da Pedra, são marcas dos nossos primórdios.
Na cidade, uma das referências é a capela de Nossa Senhora da Guia, primeira padroeira da Paróquia.
Estas histórias e muitas outras estão registradas no Museu Amália Flores, homenagem a uma professora do Município.
O nome do município é também homenagem a um homem que marcou a história do Brasil, sendo considerado o “Pai das estradas de ferro do Brasil”. Engenheiro, inteligente e ousado, contribuiu muito com a integração desta região com o restante do Brasil, sobretudo com a capital federal na época.
E, por falar em estrada de ferro, uma das principais atrações de Cristiano é a Estação. Simpática e bem preservada, conserva a lembrança dos tempos em que o trem era praticamente o meio de transporte para grandes distâncias. Lugar de encontros e partidas, abraços e despedidas. Muitos daqui partiram levando escondida no peito a esperança de melhores condições de vida. Ao lado da Estação, a caixa d’água, importada da Alemanha, cujo modelo só tem mais dois exemplares no Brasil. Num tempo em que não havia água nas casas, certamente não só abastecia as locomotivas, mas também saciava a sede de muita gente.
Mas o que faz Cristiano ser o que é, naturalmente é o seu povo. Uma gente de fé, rica em talentos, que expressa os seus muitos dons na música, na literatura, no artesanato, na arquitetura, na culinária e em tantas outras expressões da sua riqueza e da sua cultura. Basta lembrar que o autor da melodia do hino é o tão conhecido Dequinha, maestro da centenária Sociedade Musical Barão do Rio Branco.
Por tudo isso, trazemos muito forte na lembrança um passado que nos orgulha, somos felizes pelo que somos, olhamos com muita esperança para o futuro, e carregamos no peito o orgulho de ser Cristianenses.