Acesso à Informação

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Transportes e Comunicação

Construção da Variante da Ferrovia

            No ano de 1942 chegaram aqui em Cristiano Otoni, aproximadamente mais de 1.600 homens, para trabalhar na construção da ferrovia E.F.C.B., que deram o nome de variante. A firma construtora tinha o nome de "Empresa de Construções Gerais", e os trabalhadores receberam o apelido de "Arigó".

            Do túnel de Buarque ao túnel do Gambreiro, nas proximidades da ferrovia, construíram ranchos de pau-a-pique, com cobertura de sapê. Nas localidades de Vassoura, Jacuba e Lavras era onde se concentrava o maior número de ranchos. Lavras e Jacuba tinham um armazém para fornecer gêneros alimentícios aos trabalhadores.

            Alguns cristianenses compraram carroças e burros para transportarem terra, que era cavada nos cortes e iam para os aterros; o interessante é que esses animais faziam o transporte sem ajuda dos homens. Assim que carregavam as carroças, o guia ordenava, e os animais seguiam sós até a ponta do aterro onde estava um funcionário esperando para descarregar as carroças. Em seguida, eles voltavam em direção ao corte, para outra vez serem carregadas. Assim era o dia todo. A empresa não dispunha de máquinas para fazer este tipo de trabalho; foi feito tudo pelos braços dos homens.

            Na época, este movimento trouxe alguns problemas, e foi preciso instalar um Destacamento Policial. O coreto e a caixa d’água serviam de cadeia, onde os policiais prendiam os infratores. Cristiano Otoni teve que conviver com esta situação durante cerca de três a quatro anos.

Linha do Cocuruto

             Cristiano Otoni já teve um pátio de transbordo, no lugar denominado hoje de Rua Asdrúbal Baeta; ali tinha o nome de "Companhia”, e era onde se baldeava o minério que vinha do Cocuruto pela ferrovia, que era chamada de "Linha do Cocuruto". Era uma linha estreita que ligava Cocuruto (próximo a Casa Grande) a Cristiano Otoni. Até hoje existe o leito da linha, com algumas pontes em ruína; ali na estrada que liga da Rua Asdrúbal Baeta à propriedade da D. Vera do açougue existe um pontilhão, e era neste local o pátio de transbordo, onde embarcavam minério, gado, suínos, aves e ovos que eram remetidos para o Rio de Janeiro; e ainda tijolos e manilhas que eram vendidos para a Cia. Telefônica (Light).

Primeiros Veículos de Cristiano Otoni

            Na década de 30 (logo no início) chegava o primeiro automóvel em Cristiano Otoni. Era um Ford 1928, adquirido pelo sr. Asdrúbal Baeta (“Seu Duduba” era o seu apelido). Nesta mesma década de 1930, mais para o final, chegava o segundo automóvel, outro Ford 1928 (Ford de Bigode) de propriedade do sr. Hermillo Rodrigues da Fonseca (sr. Milotinho). Na época foi novidade; uma pessoa para ser proprietária de um carro era considerada, rica ou milionária.

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Ford 1928 pertencente ao Sr. Milotinho - um dos primeiros veículos em Cristiano Otoni.  

Comunicações e Transportes

               Antes de 1940 o meio de comunicação era feito por carta ou telegrama. As cartas chegavam aqui pela ferrovia, através do trem R1-R2 (Rápido), e o telegrama pelo telégrafo da Estação da Central (E.F.C.B.). O meio de transporte de passageiros era só o trem, que passava por aqui às 10:20 e retornava passando de volta às 15:40.

               Depois de 1940, a empresa Light instalou o posto telefônico público PS-1 no Bar e Padaria São Geraldo, de propriedade do Sr. João Waltrudes Pereira. Este posto funcionou até a chegada dos telefones automáticos com discagem direta a operadora (via telefonista), na década de 1980. Aí começou então a evolução dos meios de comunicação em nossa cidade, e com o tempo foram vindo os avanços tecnológicos até chegarmos aos dias de hoje, com as facilidades que temos nos meios de comunicação.

               Quanto ao transporte de passageiros, na década de 1940 foi criada uma linha de ônibus, ou melhor dizendo, jardineira ou perua (era o nome que se dava a este tipo de veículo da época). A primeira jardineira foi de propriedade do sr. Argemiro Cócolo. Logo começou a concorrência, outra linha foi instalada, de propriedade do sr. Higino de Oliveira. Foi o começo para encurtar o tempo de viagem entre Cristiano Otoni e Conselheiro Lafaiete.

Cristiano Otoni 1920

Vista parcial de Cristiano Otoni e seu centro comercial na época da década de 1920. Cortesia: Paulo Zille

Rua Dr. Mário Rodrigues Pereira

               Após a inauguração da BR-3 (depois BR-135, hoje BR-040) a Rua Dr. Mário Rodrigues Pereira, que era um boqueirão, teve de ser modificada, pois para ter acesso à rodovia tornou-se complicado; os carros tinham que passar atrás da Matriz de Santo Antonio, o que era muito perigoso devido ao local onde os mesmos saíam.

               Então a Prefeitura de C. Lafaiete (Cristiano Otoni ainda era Distrito) negociou com o dono do terreno, para mudar aproximadamente cinco metros para a direita de quem sobe a referida rua.

               Quando as máquinas começaram o serviço de terraplenagem o dono do terreno embargou, pois ele queria que a largura fosse igual ao boqueirão (não daria para cruzar nem um carro-de-boi com um cavaleiro). Como o maquinista ficou com medo, abandonou a máquina. Então o Sr. Artur José da Silva (Artur Borges) subiu na máquina e fez o corte conforme havia sido combinado antes com o dono do terreno, e a rua foi aberta com largura obedecendo às normas.

               Assim, o Sr. Artur Borges contribuiu para que a rua pudesse receber hoje um trânsito maior, e se tornou uma via principal da cidade.

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